BANDEIRANTE - O AVIÃO
Você sabia que o BANDEIRANTE foi o primeiro avião produzido pela EMBRAER?
Na verdade o projeto do avião é anterior à criação da Embraer. Em junho de 1965, o IPD (Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento) - órgão do CTA (Centro Técnico Aeroespacial) - iniciou o desenvolvimento de um antigo projeto de aeronave, chamada então de IPD-6504, sob as especificações de um pedido do Ministério da Aeronáutica. O projeto baseou-se em um estudo sobre a densidade do tráfego aéreo comercial brasileiro, principalmente em cidades pequenas, e ao comprimento e tipo de piso das pistas dos aeródromos nacionais, visando, assim, obter um avião moderno e adaptado às condições, necessidades e possibilidades brasileiras, numa época em que a infra-estrutura aeroportuária do país era pequena.
OZIRES SILVA (fundador da EMBRAER) sobre o começo de tudo:
"Para o Brasil poder entrar nesse mercado competitivo precisávamos de um tipo de produto que nos desse uma diferença competitiva, que nos colocasse distante dos concorrentes mundiais, na época já bem fortes e dominadores no mercado aeronáutico mundial. Assim, precisávamos de algo diferenciado. Tivemos sorte identificando que os motores a jato, recém criados e aplicados nos aviões de transporte nos meados da década dos 1950, estavam determinando a produção de produtos mais caros, maiores, mais velozes e exigindo requisitos mais sofisticados para os aeroportos. Logicamente as empresas de transporte aéreo tiveram de abandonar as cidades menores não dotadas de aeroportos adequados, pistas pavimentadas e mais longas, além de infra-estrutura capaz de lidar com as novas máquinas. Isso determinou que, em todo o mundo, as comunidades menores deixassem de ter o transporte aéreo nos seus aeroportos locais. Isso nos levou a formular a pergunta chave: AS CIDADES MENORES DO FUTURO NÃO PODERÃO DISPOR DOS SERVIÇOS DE TRANSPORTE AÉREO? Nas nossas cabeças a resposta negativa não tinha sentido. Foi então que começamos a imaginar como seria o projeto, desenvolvimento e fabricação de um avião, menor do que os grandes jatos, que acomodassem um menor número de passageiros e respondessem corretamente aos requisitos transporte aéreo de segurança e eficiência. Foi assim que começou a luta para a edição de novos regulamentos e normas para que tal produto pudesse um dia no futuro ser aprovado e certificado. Para tanto, tínhamos de produzir uma “prova de conceito”, um protótipo de um avião que demonstrasse tudo isso. Assim, começou a luta para vender a tese e conseguir apoios de uma instituição que nos permitisse construir um protótipo de um avião que, no futuro, foi o marco zero dos atuais Serviços de Transporte Aéreo Regional. E o Centro Técnico de Aeronáutica (CTA) de São José dos Campos, criado pela FAB ao lado do ITA, preencheu esse espaço. Foi uma vitória, em 22 de Outubro de 1968, quando voou pela primeira vez, o nosso BANDEIRANTE, começo de tudo.
Deveria, então, ser uma aeronave pequena, tamanho proporcional à demanda destas regiões. O resultado foi um turbo-hélice metálico, de asa baixa, equipado com duas turbinas Pratt & Whitney PT6-020, cada uma de 580 HP na decolagem e com capacidade para oito pessoas. Em 25 de junho de 1965, o desenvolvimento do projeto pelo CTA foi autorizado pelo governo de Castelo Branco. Paulo Victor, diretor do CTA, foi quem batizou a aeronave IPD-6504 com o nome BANDEIRANTE, em agosto de 1969. Havia uma carga simbólica na expressão, que remetia à ideia dos bandeirantes como PIONEIROS DA INTEGRAÇÃO NACIONAL, contendo grande significado para a identidade brasileira.
IPD-6504 era uma referência ao ano (65), número do projeto (04) e ao Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento (IPD) do CTA, local da gênese, desde os primeiros rascunhos, passando pela geração de milhares de desenhos, testes de equipamentos, até a construção do protótipo da aeronave que daria origem ao futuro EMB 110 Bandeirante. O fato foi o marco inicial para a criação do setor aeronáutico brasileiro. Para a construção do primeiro protótipo do IPD-6504 foram necessários três anos e quatro meses, num total de 110 mil horas de trabalho, que contou com cerca de 300 pessoas lideradas pelo engenheiro aeronáutico e, à época, Major Ozires Silva.
O vôo histórico do BANDEIRANTE teve como palco o então CTA (Centro Técnico de Aeronáutica) de São José dos Campos, no interior paulista. O avião, que havia sido lançado como projeto IPD-6504 em 1965, voou por cerca de 50 minutos sob o comando do major-aviador José Mariotto Ferreira e do engenheiro de vôo Michel Cury. Quase uma semana depois, no dia 27 de outubro de 1968, o protótipo decolou novamente, com a mesma tripulação a bordo, para o primeiro vôo oficial com a presença de cerca de 15 mil pessoas, entre elas o Ministro da Aeronáutica, vários Ministros de Estado e autoridades civis e militares. Era o início de uma história de sucesso que começou a ser escrita pelo Governo Brasileiro e que permitiu transformar ciência e tecnologia em engenharia e capacidade industrial, hoje reconhecidas em todos os continentes nos quais voam os aviões fabricados pela Embraer.
No dia 19 de agosto de 1969, o então Presidente da República, Arthur da Costa e Silva assinou o decreto nº 770 que criou a Embraer, destinada à fabricação seriada do Bandeirante. No mesmo ano, o Ministério da Aeronáutica firmou contrato com a recém-criada Empresa Brasileira de Aeronáutica para a produção de 80 aeronaves, com início no ano seguinte.
Em 1972, a Embraer realizou o primeiro vôo do Bandeirante de série. Já as primeiras vendas da aeronave para o mercado de transporte comercial de passageiros às empresas aéreas Transbrasil e Vasp foram realizadas em 1973, com as entregas sendo iniciadas no mesmo ano.
A produção em série foi realizada até o ano de 1991, e a última aeronave foi fabricada em 1995. No total, foram fabricadas 498 aeronaves, 253 aeronaves para o Brasil e 245 aeronaves vendidas para o exterior (Angola, Austrália, Cabo Verde, Canadá, Chile, Colômbia, EUA, França, Gabão, Inglaterra, México e Uruguai). Aproximadamente 320 BANDEIRANTES estão voando ainda hoje.
O C-95 Bandeirante da Força Aérea Brasileira passou, recentemente, por um processo de modernização e continua firme e forte, inclusive na Amazônia, onde voa pelo Sétimo Esquadrão de Transporte Aéreo. O 7° ETA, ou Esquadrão COBRA, é também conhecido como ANJOS DA AMAZÔNIA, realiza um trabalho de integração e ajuda humanitária na região Norte do país.
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